A beleza e a leveza de ser você mesmo

Em um planeta onde as energias estão misturadas nos perdemos em meio a imensidão de nós  mesmos. Hoje, movidos pela frenética vontade alheia, somos teias interligadas umas às outras e nos perdemos ante à essas teias que muitas vezes são trançadas pelo todo e outras tantas por nós  mesmos. Então, como se separar da teia?

Hoje nos questionamos muito pouco. Queremos as respostas mastigadas e quase engolidas. Não nos atentamos a nossa própria vontade, mas sempre a vontade alheia. Temos no mercado amplos livros de auto ajuda, de autoconhecimento assim como várias técnicas trabalhadas e vivenciadas por uma gama de profissionais que se deram a oportunidade de parar e olhar para si mesmo.

Lógico que cada trabalho é individual, o que serviu para um pode não servir para o outro. Porém, não temos essa consciência e desistimos no primeiro obstáculo que aparece. Somos interligados , fazemos parte de um todo, um coletivo, mas também temos nossa individualidade que muitas vezes se perde na totalidade. Olhar para dentro de nós  mesmo não  é uma tarefa fácil, mas também não  é impossível.  Uma vez que damos o passo para nossa reforma não  queremos voltar mais ao lugar que estávamos,  pois nos permitimos a descobrir e revelar nossa essência para nós mesmos.

Lembre-se, trabalhar em prol de nós pensando em nosso bem estar, nunca pensando se os outros vão  perceber ou não.  O ego sempre acha um jeito de nos confundir então, é bom ficarmos atentos ao que sentimos: esse será nosso direcionamento para toda vida, sentir, acima de tudo. A consequência de nossa melhoria será observada e sentida pelos outros a partir do momento em que estivermos em verdade conosco. Para isso, é preciso amadurecimento, vontade, coragem e acima de tudo, disciplina consigo mesmo (a). É um trabalho que exige entrarmos em contato com o que temos de bom ou de pior, com nossa verdadeira natureza, pois somos a dualidade.

O conceito do certo e errado, do bom e do mal caem por terra porque nada é estático,  nada é definitivo. O que é bom para um pode não  ser para o outro. Abra mão do julgamento de si! Não  é fácil,  mas como disse, não  é impossível. A chave para nossa felicidade e crescimento está dentro de nós  mesmos basta querermos. A ciência,  a religião estão começando  a caminhar juntas e esses podem ser alguns instrumentos para darmos o primeiro passo para nossa melhoria, para a espiritualidade independe da religiosidade. Não podemos ficar à mercê de nada, mas saber tirar de cada uma delas o que há de melhor para nosso trabalho interno. Seja acompanhado (a) da energia de Deus, guias, orixás,  mentores, o nome que quiser dar. Até  mesmo pessoas que não acreditam em uma energia cósmica universal podem fazer esse trabalho interno com o que mais lhe der credibilidade.

Os tempos são  outros, os momentos são  outros. Caminhamos em uma velocidade imensa e todos temos essa percepção.
SÓ por hoje vamos silenciar internamente.
SÓ por hoje vamos dizer não ao que nos desagrada.
SÓ por hoje sejamos sinceros e nos afastemos de quem não nos faz bem, de quem não  nos acrescenta.
SÓ por hoje se dê o carinho que precisa.
SÓ por hoje converse contigo. Sente-se enfrente ao espelho e converse com o ser mais importante nesse mundo.
SÓ  por hoje escreva, dance ou cante sua música preferida como se  SÓ  existisse você nesse mundão de Deus.
SÓ por hoje sorria para si, faça ou peça sua comida predileta. Saia, divirta -se.
SÓ por hoje assista aquele filme que sempre teve vontade, mas que você permitiu o tempo tirar de você.

Viva cada dia sempre dizendo a si mesmo (a): SÓ por hoje vou me olhar, SÓ por hoje estarei comigo, SÓ por hoje irei me desvendar, SÓ por hoje irei me redescobrir. SÓ por hoje. …

E assim irá se descobrindo independente de ser coisas boas ou não.  Lembremos que somos dualidade! O importante é aceitar e saber como trabalhar com isso e nunca se negar. Cada vez que nos negamos nos matamos aos poucos internamente e caímos na energia da totalidade de estarmos sempre perdidos de nós mesmos. Quando nos olhamos e nos consideramos, mudamos  nossas energias e aos poucos vamos nos misturando a energia da totalidade e assim mudamos nossos padrões arraigados de que tudo começa de fora. Tudo começa dentro de nós.

Denise Araújo
Nem tanto ao céu, nem tanto a Terra. Atriz, uma pessoa buscando sempre o equilíbrio e o caminho de encontro a minha alma na vida e nos palcos.

Se encontrar para sair

“Só há uma única saída para quem está no fundo do poço: subir”.

Essa foi a frase que me marcou quando assisti ao filme “Sing – Quem canta seus males espanta”. Depois, de outras maneiras, essa frase se apresentou novamente para mim, como no filme “Walt antes do Mickey” onde, no final do filme, o personagem diz “Todas as adversidades que tive na vida, todos os problemas e obstáculos, só me fortaleceram”. Ou ainda quando me deparei com um artigo onde dizia “Os obstáculos representam uma reorganização de roteiro”.

As frases acima me fizeram lembrar que meses atrás eu percorri caminho semelhante. Desenhei o fundo de um poço na minha vida, na busca de encarar tudo o que não me fazia bem. Me surpreendi com essa experiência, pois coloquei a minha mente racional para analisar e enfrentar esse problema, mas não me permiti senti-lo. O resultado disso foi que o Ego entrou em ação, me fazendo acreditar que eu estava resolvendo o problema que me propus a enfrentar.

Eu queria uma solução rápida e a minha mente criou essa solução. Por algum tempo até achei que tivesse vencido os monstros no fundo desse poço que se apresentaram e que eu havia conseguido resolver a situação. Mas, quando supomos que sabemos bem da teoria, o Universo muito sábio te manda para a prática. Foi aí que percebi como deixei o Ego me ludibriar. Resultado: Não passei na prática.

Ao sentir que falhei, me veio uma profunda dor. Decidi ser verdadeira comigo mesma e, quando me dei conta, me vi de verdade lá no fundo do poço, de onde achei ter saído, por trazer à tona minha verdade e tantas outras, coisas e situações, que se juntaram a isso. Eu ainda estava no fundo do poço e mal havia percebido! Todas as dores tomaram conta de mim, dor física, emocional, moral… Meu único consolo era o meu travesseiro… o travesseiro onde todas as noites eu amparava minha cabeça com a mente já bastante enfraquecida, o mesmo travesseiro que enxugava minhas lágrimas. O Ego fez com que eu me sentisse a coitadinha. E, lá no fundo do poço, fiquei por um bom tempo, contemplando minhas verdades, minhas mentiras, tentando me resgatar, mas sem força alguma.

Quando eu estava prestes a me entregar e desistir de sair dessa situação, algo acendeu em meu coração. Tive profundamente a certeza de que viver dessa maneira não era o que eu queria para minha vida. Entendi que estar no fundo do poço não é um sinal de fracasso, mas uma oportunidade de vermos tudo de um outro ângulo, com um outro olhar. O amor que ascendeu por mim mesma naquele instante foi a força que me fez começar a encarar a situação e aceitar o que tenho de ruim e o que tenho de bom. Esse mesmo amor me fez olhar aos poucos para esses monstros interiores e tratá-los de forma diferente.

Aos poucos você consegue olhar para cima e ver a saída. Não importa se ela é curta ou longa, o importante é viver as experiências a cada escalada. Pois, a cada escala, damos de cara com esses monstros que estão ali para nos derrubar. É nesse momento que devemos parar, respirar, olhar e sentir. Pois, somente quando nos permitirmos sentir o que se passa dentro de nós, saberemos qual o próximo passo dar. Se durante esse processo nos sentirmos bem, então podemos prosseguir. Se sentirmos algum desconforto, esse é o sinal de que precisamos parar, refletir e, se necessário, mudar a rota.

Perceber-se no fundo do poço não é a melhor sensação na vida do ser humano, mas ela nos permite ver outras possibilidades, internas e externas. Isso requer olhar para dentro e se permitir viver novas experiências. Quem já se percebeu lá e saiu, descobriu sua força e novas possibilidades. Quem está lá e aos poucos se vê saindo, está descobrindo a sua força e as novas possibilidades que se apresentam. Quem ainda se vê lá, mas se considera sem forças para sair, permita-se vivenciar tudo o que for preciso. A possibilidade de se conhecer é que te mostrará sua força oculta, a mesma força que te dará o impulso para subir.

Talvez achem que é loucura ou besteira dizer que estar no fundo do poço é uma forma de transformação, mas ela se encaixa muito bem nas duas frases citadas logo no início deste texto, que falam sobre Obstáculos.

Lembre-se: chegar ao fundo também é uma forma de reorganização da vida, onde podemos nos fortalecer para uma nova subida.

Denise Araújo
Nem tanto ao céu, nem tanto a Terra. Atriz, uma pessoa buscando sempre o equilíbrio e o caminho de encontro a minha alma na vida e nos palcos.